17 maio 2009

Carta à Ordem dos Médicos e ao Senhor Professor Doutor


August Sander

Exmos Senhores Prof. Doutores

Nos últimos tempos sinto-me cada vez mais homem. Dei comigo a ver uma tourada, a da TVI, ao lado do senhor Moita Flores. Não senti nada pelo touro e só não gritei por uma orelha porque, sem rotina do espectáculo, não percebi exactamente o momento adequado para o pedido. Inscrevi-me para o jantar da vitória no tetracampeonato, aqui na terra, e que conta com a presença do senhor Presidente. Comprei o Playboy, que traz essa coisa excitante que é a Claudia Jacques nua. Assinei a petição do senhor Diogo Feyo e da senhora Dona Maria de Belém Roseira contra os preservativos na Escola. Preservativos, a bem dizer, em parte nenhuma, a bem dos orgasmos que tanto preocupam a sexóloga dominical do Público (mas isso é outra história). Sou a favor de um dress code para as secretárias inspirado no Burka, um político inglês que o senhor Espada e o senhor embaixador Cutileiro em boa hora difundem entre os aborígenes lusos.
Encontrando-me eu neste estado, e não sendo de orientação primária, solicito a V. Exas se dignem reorientar-me no sentido de poder recuperar alguma feminilidade. Conhecendo a taxa de sucesso de V. Exas. julgo que a terapêutica não me faria mal e permitiria que alguma janelita que se fechou para mim nos últimos tempos, de novo deixasse entrar um pouco de luz.

De V. Exas atentamente

O Acima Assinado



Num texto desta semana, dois psiquiatras portugueses---um deles Presidente do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos (OM)--referiram a terapia cognitivo-comportamental para “mudar” a orientação sexual e o dirigente da OM falou em “reenquadrar a identidade de género e as opções de relacionamento” e distinguiu “homossexualidade primária com cunho biológico marcado e homossexualidade secundária” para justificar a intervenção médica em homossexuais.

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