17 agosto 2008

Berlim, Alemanha


Sophie Calle

Gosto de Paula Moura Pinheiro. Acho que ela é uma instituição cultural respeitável. Conduz um programa semanal onde aborda temas tão variados como a literatura e as artes performativas, sempre com os convidados apropriados. Este fim-de-semana PMP escrevia num jornal que Luanda é melhor do que Berlim. Eu não conheço Luanda. Nem tenciono conhecer. Mas Berlim, a actual Berlim, é uma das cidades mais fascinantes do mundo. Uma cidade democrática, onde se pode alugar um quarto num hotel decente, jantar num restaurante de estudantes em Mitte , tomar o pequeno almoço num café em Prenzlauer Berg. Uma cidade que guarda a memória da Berlim imperial, do nazismo, da guerra fria e do Muro. Onde se pode encontrar uma praça com o nome de Rosa Luxemburgo, uma avenida estalinista chamada Karl Marx Allee, um memorial do Holocausto, placas com os nomes dos campos de extermínio. Uma cidade viva, habitada pela gente jovem da Europa e do Mundo, mas com memória e convivendo com essa memória, por mais insuportavelmente dolorosa que ela possa ser. Comparar a capital da Alemanha de 2008 a Luanda é uma obscenidade, uma atoarda tropicalista, que ficaria bem a um Jorge Coelho inebriado pelos negócios africanos ou a um político interessado em ser incluído no inner-circle da corte angolana.

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