26 abril 2008

Comemorar com alguma decência




Há qualquer coisa de obsceno no espectáculo do Coliseu com que a rtp-um ontem comemorava o 25 de Abril. Não é o excesso de cravos, o excesso de idade, as redacções que a Sílvia Alberto e outros intervenientes liam sobre a longa noite do fascismo explicada às crianças, os personagens das lutas heróicas, avós de si próprios agarrados à sua caricatura, o Fanhais-mas –tu-não, os insuportáveis manos do grande Vitorino, o Pedra Filosofal e de certeza a gaivota, o pior dos pássaros a seguir à pomba. É também o público. Aquela mistura entre a boa gente que aguenta a realidade com Prozac, umas jantaradas de comemoração e a condescendência dos filhos e, procidentes, alguns senhores do novo regime, do PPN, o partido português dos negócios. Agradeço a Salgueiro Maia e aos seus camaradas de armas ter-nos permitido ser um país normal, ter podido viver uma vida normal e vomito o cravo como uma rapariga ontem o fez, no palco, sob as palmas incrédulas de alguns e o sorriso alberto da Sílvia.

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