30 março 2008

Um Pacheco pré-metacínico


Antony Gormell


O artigo do Público de José Pacheco Pereira de hoje é instrutivo sobre os limites do debate político. Durante a semana a posição de JPP sobre o Iraque tinha sido invectivada de vários lados, particularmente por Rui Tavares (excelente artigo no Público de terça-feira). Hoje JPP cria uma nova categoria para legitimar as acções dos líderes políticos. Não é necessário que se conformem com a realidade. Basta o autoconvencimento. Não interessa que o Iraque detivesse ou não meios bélicos especiais. Bastava que Bush, Blair, Aznar ou o futuro Barroso disso estivessem convencidos. O convencimento dos líderes democráticos é um critério suficiente para decidir a guerra e a invasão de um país soberano, à margem das instâncias de mediação internacionais. Pacheco, que é um dos poucos apoiantes da invasão anglo-americana que ainda não reviu totalmente a sua posição de há cinco anos, começa a sua crónica com uma teorização maquiavélica sobre a boa e a má mentira para depois nos apresentar esta sua teoria pré-metacínica. A teoria não é perfeita. Fica por explicar como é que o convencimento da detenção iraquiana de armas de extermínio semelhantes às dos aliados ( e da aliança entre Saddam e Bin Laden) se baseava em informações tendenciosas e selectivas dos serviços secretos americanos. E fica por responder uma questão fundamental: e se os líderes democráticos do Irão se convencem de que os USA, o Reino Unido, a França, detêm meios de extermínio massivo, sei lá, a bomba atómica, e decidem invadir-nos?

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