21 setembro 2007

Maria



Operárias e Burguesas As Mulheres no Tempo da República
De Maria Alice Samara, A Esfera dos Livros

Um livro de pequenas biografias sobre mulheres das primeiras décadas do século XX, onde se pode encontrar a história de Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal, ou de Domitila Hormizinda Miranda de Carvalho, que em 1891 requereu a matrícula ao Magnífico Reitor e se tornou a primeira mulher, depois da reforma de 1772, a entrar na Universidade.
A biografia que abre o livro é a de Maria, uma rapariga de Lisboa. Contada a três vozes: a narrativa de um polícia, o chefe Pereira dos Santos, que a ouviu em confissão nos cárceres de Torel e registou “um fundo romântico e subsistente, como uma reserva imaculada de sonho e de beleza”, de um médico, Asdrúbal de Aguiar, Professor do Curso Superior de Medicina Legal, que a despiu, pesou, mediu, examinou e anos depois publicou no Archivo de Medicina Legal o artigo intitulado “Um caso de homo-sexualidade feminina”, e finalmente a da autora, jovem investigadora da Universidade Nova, cuja escrita está deliciosamente contaminada pelo tempo do objecto estudado. Logo no início, Maria Alice Samara adverte para a incerteza das biografias, com a seguinte frase, que gostaríamos de passar a utilizar em tudo o que aqui, humildemente, escrevemos: “Podemo-nos perguntar se tudo se passou assim (…) Caso raro mas não único, arriscamo-nos a defender a possibilidade de ter acontecido.”

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