01 agosto 2007

Obituário singelo e patético


Jeff Wall


Há conforto na velhice e alívio na morte. Dizem os jovens.
A juventude é ociosa. Disse o poeta antes de ir para a Abissínea. Eu digo que é ociosa e cruel.
No Mês Em Que Morreram Os Directores de Cinema este blog transformou-se num obituário.
O Obituário é, na imprensa de referência, do Independent ao El País, uma das secções mais interessantes dos jornais. Tem excesso de gravidade, concordo. Pensamos sempre que não demos, em vida, o valor que aquele morto merecia. Alguns jornais têm rubricas a que chamam perfil, onde resumem o CV de personagens de destaque. Mas não é a mesma coisa. Achamos sempre que se trata de uma moda, de um broche dos jornalistas. Não acreditamos completamente. Só a morte dá sentido a uma biografia.
A juventude não gosta dos velhos nem da morte. Os velhos cheiram à morte, sobretudo se são pobres. A morte é o verdadeiro interdito no Ocidente. As crianças, como se sabe, são mal educadas longe da morte. Os mortos, um dia estão vivos e no outro estão no céu, ou no silêncio das famílias. É de mau gosto falar nos mortos. Atrás dos mortos só de roda-morta
A morte não é obrigatoriamente uma coisa má. A velhice é uma coisa má. A morte é a coisa boa que acontece no fim da coisa má que é a velhice.Morrer é preciso. Envelhecer não é preciso.
Eu aqui não faço outra coisa senão singelas e patéticas homenagens a alguns mortos. Hoje outro. Ontem um.

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