30 outubro 2006

A entrevista de António Lobo Antunes na Pública

A Dom Quixote vendeu ao Público uma entrevista promocional do último livro do escritor António Lobo Antunes. A encomenda coube nos últimos anos a Alexandra Lucas Coelho, que desta vez foi avisada de que “o homem queria falar”. Não se percebe de quê. Do livro não era. Ainda hoje, cinco entrevistas depois do momento em que foi anunciado o livro de Natal da Dom Quixote, continuo na ignorância do tema. A entrevistadora esforçou-se por dar alguma ordem à conversa. Lobo Antunes ouve vozes e escreve. Nesse processo “sofre imenso”, no que não se distingue da maioria dos alucinados. Como lhe disse um homem da Academia Sueca, a voz que ele ouve é sempre a mesma, a sua própria voz. Percebe-se o sofrimento.
A entrevista serve para o homem falar das viagens- ele não distingue bem as cidades e a descrição de Jerusalém às mãos de um motorista broeiro da Mossad é confrangedora; da política- onde emite declarações originais do tipo”Cavaco é o melhor presidente a que Sócrates podia aspirar”; da literatura- não parece saber quem ganhou o Nobel este ano, acha que os jovens escritores lhe copiam a pontuação e incita-os a escreverem “contra ele”.
No princípio, no meio e no fim declara-se o melhor escritor vivo, quiçá morto. O melhor e o segundo melhor.
Alexandra despacha aquilo com a empatia que dedicamos aos tios que vamos visitar ao Lar. Adeus e até ao próximo Natal.

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