09 agosto 2006

O Inferno




Debrucei-me na janela do inferno
e não vi nada que me horrorizasse;
pareceu-me um lugar igual aos outros,
cheio de gente e coisas. Alguém
do inferno convidou-me a entrar.
Não me lembro quem era, ou se eram vários,
nem o que me disseram lá de dentro
ou se aquelas pessoas sorriam,
se havia algum que se lamentasse,
nem se desconfiei em algum momento.
Procurei e achei a porta do inferno,
abri a porta do inferno, entrei
e desde então vivo no inferno.
É um lugar igual a outro qualquer
cheio de gente e coisas. Mas
sei que só pode ser o inferno
porque neste lugar não estás comigo.



Amalia Bautista
(e Louise Bourgeois)

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