15 dezembro 2005

Soares / Alegre

Não se deve falar de sexo em frente das crianças e em nenhum lugar com preocupações mínima de decência se deve falar das eleições nem do processo da Casa Pia. Mas não resisto a comentar o debate Soares/Alegre. Soares tem um enorme ascendente sobre Alegre e quis mostrá-lo. A táctica – Soares não sabe o que é estratégia - era: mostrar a impreparação de Alegre, a sua falta de qualidades. Valeu tudo: interromper, interrogar directamente, comentar em cima da intervenção do opositor. Alegre esteve sempre diminuído. Demasiado expressivo e impiedosamente focado pelas câmaras, buscava a cumplicidade dos moderadores, dava opiniões que não lhe eram solicitadas. Teve a elegância de não baixar o nível e de resistir à provocação. Com habilidade, quase imperceptivelmente, Soares sobe refazer, durante o debate, a relação de subserviência que no passado Alegre terá tido com ele. Quando demos conta Alegre estava a ser tratado como um poeta antifascista (sem lugar na Antologia do século de ouro). O padrinho aristocrata, o pai fundador da nossa democracia olhava para o lado e parecia perguntar: - O que faz você aqui?

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