16 outubro 2005

Uma mensagem de esperança



Vivo num apartamento com uma senhora idosa, a minha tia Graça que me educou quando os meus pais faltaram. Vou a pé para a repartição, sou o primeiro a chegar. Estou no grau 7 da carreira e não vejo como vou progredir mais, sobretudo agora que a dra . Filomena me morde os calcanhares com o apoio do Matos, o malandro. Tenho por horizonte o shopping Dolce Vita e as serras ardidas e por alegria das tardes a expectativa de uma cerveja na esplanada. Nunca soube a diferença entre segunda e sexta feira. “Aquele já só se entusiasma quando conta a história dos Correios”, ouço os meus amigos comentar quando me afasto. Leio o Expresso ao fim de semana e guardo os suplementos. Como no restaurante do frango da guia nos dias em que vou ao cinema e janto fora. Sou do União de Coimbra. Vivo num país como o vosso e nunca tive imaginação para pensar noutro diferente. Um país onde faltasse o major aos gondomarenses, a Dulce Pontes à canção popular, a TVI aos serões dos trabalhadores, os Morangos com açúcar às pré adolescentes, um padre aos funerais, uma vacina para a gripe, uma esperança chamada Cavaco.
Aos que são como eu, aos que não sabem para onde vão, aos que conheço pelo reflexo nas montras, queria deixar uma mensagem:
Até numa vida como a minha pode haver um dia de glória.

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