23 setembro 2005

O fim do romance


Ian McEwan conta no Guardian que, como os livros já não lhe cabiam em casa, foi para a rua oferecer romances (exemplares dos Future Classics editados pela Vintage Books e cópias americanas dos seus livros). O filho Greg era cúmplice nesta operação. As mulheres jovens paravam("todas as mulheres parecem jovens em Central London") , viam que se tratava de romances, agradeciam, começavam logo a ler e a folhear.
-Quanto é?, perguntavam desconfiados os homens. - É de graça, respondiam eles.- É um romance, não tem de pagar nada, só de o ler se assim quiser.
Só um aceitou. Ian McEwan lembrou-se de ter aprendido nas aulas de literatura, com Ian Watt, que foram as mulheres quem, no século XVIII, permitiram o aparecimento do romance e lhe moldaram o contúdo. As mulheres têm o romance inscrito no seu código genético, através das redes neuronais que permitem a cognição emocional. Quando as mulheres deixarem de ler, o romance acaba, conclui. Se o jovem sensível que aceitou o livro, e que não era senão Vila-Matas disfarçado, ler isto, a sua angústia aumentará.

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