09 maio 2005

A Dor


Durante uma semana Lúcia não telefonou nem mandou mails. Nem ele, um orgulhoso. Depois passou um mês e em breve um ano. Lúcia era uma pessoa de hábitos. Ele pensou que a iria encontrar na Reunião Para a Modernização Postal, na excursão que a Casa do Pessoal organiza às amendoeiras em flor, nas férias de Páscoa no Inatel de Foz do Arouce. Ela faltou sempre. Um dia ele telefonou para a Loja de Nelas. Lúcia despedira-se, saíra de Nelas, não podiam dar mais informações. Ele ouvia sem emoção. Quando pousou o telefone começou aquela dor tão intensa que parecia irreal. Já tivera muitas dores no passado. Mas, por horríveis que fossem, eram tudo dores que não iam durar. Esta era a dor que só podia piorar. A dor degenerativa. A dor.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial