12 abril 2005

Um problema sério

Conheci-o nos Correios. Mandava encomendas para um país distante e as encomendas eram livros. Um dia chegou já com a Repartição fechada, abri-lhe a porta, ajudei ao preenchimento e acabei por sair com ele. Íamos para os mesmo lados, eu moro num bairro operário dos subúrbios, ele alugou um quarto nas casas de renda económica. Falámos de tudo. Deste blog também. Ele tinha muito tempo livre e conhecimentos de informática. Ofereceu-se para tomar conta. Links, imagens, selecção de textos dos blogs favoritos. Instalou-se em minha casa. Lê muito, come pouco e não fuma. Manda mails para a família, com pouco sucesso ao que parece. Conhece a blogosfera como poucos. Mas de maneira peculiar. Chama Grega à Bomba Inteligente e, por antonomásia, Romanas às outras mulheres da blogosfera: Romana Ante Mare, Romana Spot, Romana Magnólia, Romana Carla, Romana Flor, Romana Sombra, Romana Agradecida, Romana a Dias, Romana Gris, Romana Cris, Romana Lerda. Um dia adoeci e estive quinze dias internado no Pavilhão Doze. Ele começou a escrever. Ninguém deu conta. Ele desembaraça-se. Tem um problema com os acentos, tenta imitar os meus temas e a minha falta de estilo. Mas quando se solta, e se liberta do meu fardo, acho que escreve bem. Ninguém deu conta. Excepto o Bonirre, que me vinha visitar e sabia que eu não podia escrever. Um dia que me apanhou acordado disse-me: - Olha lá, deste a porra da password ao teu hóspede? Quando cheguei a casa e vi o que se passava chamei-o :- Mas o que vem a ser isto? Isto é o 2046, o disponível para amar na blogosfera, o que é isto? Ele levantou a cabeça e vi-lhe nos olhos a pessoa horrível que tivera alta do Pavilhão Doze, ansiolíticos a boiar em cocktail lítico. Nunca mais apareceu. Agora como é que vou alimentar esta merda?

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