11 abril 2005

O problema da correspondência

Quando o Príncipezinho e a Raposa se separaram trocaram cartas durante algum tempo. A meio da Terceira Época da Fome os trabalhadores dos Correios fizeram greve. O Príncipezinho não lia os jornais e julgou que a Raposa deixara de escrever. De cada vez que via um campo de trigo chorava, mas como era muito orgulhoso chorava e não escrevia. A Raposa tinha aprendido que toda a carta tem resposta mas que uma raposa não toma iniciativas. Quando a greve acabou havia muita correspondência acumulada. O carteiro que fazia a distribuição da zona do Príncipezinho era um Fura-Greves. No dia em que a carta da Raposa ia ser entregue, encontrou um Colega Grevista que fora despedido e estava muito magrinho de fome e desemprego. Quando o Grevista viu o Fura-Greves pensou: e se eu lhe desse uma carga de porrada enquanto tenho alguma força? E deu-lhe. As cartas espalharam-se pela rua e foram levadas pelas enxurradas da Terceira Época da Fome. O Príncipezinho podia escrever à Raposa, mas, além do choro, o que o alimentava era um pensamento: o meu silêncio não pode ser inferior ao dela. Foi assim, entre o orgulho e as regras de etiqueta, que acabou uma história tão prometedora. Também, o que é que a Raposa ia fazer com o Príncipezinho?

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