17 março 2005

O cozinheiro

Devo um esclarecimento. A minha aversão é ao industrial de restauração. Não ao cozinheiro. Tudo me aproxima do cozinheiro. O cozinheiro é um homem sensível, da savana e dos bosques. Aprecia, como o caçador, o gosto da carne. E tal como o recolector distingue o aroma e o sabor da salsa e do cravinho, dos cominhos e do gengibre. O cozinheiro arrisca, espera, junta. Sabe o difícil tempo de cozedura. Prova. O industrial de restauração é um bruto do asfalto, que prospera com a mais valia do cozinheiro. O cozinheiro é altíssimo no cimo do chapéu e usa um avental tão elegante que está sempre a ser copiado. O industrial da restauração tem uma carrinha de caixa aberta ou um jipe japonês. Quando o cozinheiro vem à sala, olha as mesas com solenidade e mesmo os brutos mastigam mais devagar. E se alguém for comido neste post, aí vai INE(s) uma pequena alusão não-literária, que seja o industrial de restauração.

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