21 setembro 2004

A língua é a língua

Flaubert gritou: Eu sou Emma Bovary. Percebemos sempre o que esse grito significava e não era preciso ter feito amor num carro de vidros pintados. Que pena tenho de não poder gritar: Eu sou Loreta Granada. Pudesse e estava agora a escrever por ela, a viver por ela na cidade de L., ou lá onde ela está depois de L. Escrever por ela deve ser melhor do que esperar por ela. Pelo mail dela na caixa de A Natureza do Mal. O Joaquim diz que Loreta escolheu o Mal para escrever e que isso me devia alegrar. Então porque é que ela não escreve agora? Que terei eu escrito para ela me escolher? Ou foi Bonirre quem ela escolheu? Ou a ti, PC, que já nem sinto, sempre pensei que fosses mais radiação que matéria. Será que foi a florista que a sensibilizou para o mal? Eu volto a escrever sobre a mulher que talvez seja florista. Ou foram os posts políticos? Eu falo de política não tarda. Será que lhe desagradei por ter alterado o mail? Mas foi só o Larkin e umas vírgulas. Eu tiro o Larkin, o Larkin não significa nada para mim, eu sei que é tarde demais para mim, há mais gente a dizê-lo e de outras maneiras.
Queria ser capaz de escrever Loreta, assinar Loreta . Mas eu sei lá o que se sente quando o mamute poisa as mãos nas coxas, sei lá o peso dele. Quando vi a língua do sardão pensei na língua do sardão. Nunca vi a língua de Loreta. Se visse a língua de Loreta ia pensar: é a língua de Loreta, a língua de Loreta, a língua.

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