16 agosto 2004

Mais sobre a treta

O amor, essa treta, é uma invenção da fêmea humana do Pleistocénico para assegurar a assiduidade do macho aos deveres de alimento e protecção.
As histórias infantis são o modo preferencial de transmissão da treta. Os contadores de histórias são mulheres, na linhagem de Xerazade. Os destinatários são sobretudo os machos jovens da espécie. Eles têm de acreditar. Elas têm de aprender a contar.
As formas contemporâneas da treta foram teorizadas por mulheres excepcionais como Eleanor d'Aquitaine e Margarida de Navarra, e depois pelos românticos, cérebros fracos, pasto de delírio imaginativo e confusão identitária.
A treta hoje não serve para nada. É um reliquat do nosso equipamento genético, como o medo das serpentes e de outros animais em extinção.
Apesar disso goza de imenso sucesso. A treta transbordava das ruas de L. até inundar a ponte tripla. Escorria dos olhos de rapazes que ouviram demasiadas histórias em pequenos e fazia subir a cota do lago Bohijn.

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