03 julho 2004

Flores para a Manela

Ela entrou e saiu sozinha sem prestar declarações para o povo que aquilo era uma reunião da família. Lá dentro pediu desculpa por ter reagido a quente e falado em golpe de estado. Soube do Santana pelos jornais. Se lhe tivessem dito alguma coisa antes. Não tem nada contra ele. Sempre era melhor um Congresso, mas se não puder ser. E já agora, tomem lá um brinde, a minha cabeça numa bandeja: já tinha sugerido ao primeiro a sua substituição. E para acabar: Que ninguém duvide do meu amor ao partido. Os plutocratas unidos rebentaram numa ovação.
Murcharam assim depressa as flores que um dia tinham florido a medo. Vimos que te tinham enviado e trememos. O que vai ela fazer às flores? Mas há um momento de grandeza em cada um de nós e até uma plutocrata pode por vezes juntar-se à correnteza. Não foste capaz. Viste os 99,9% e foste declarar-lhes o teu amor ao Partido. Amor àquela merda cuja razão de ser é tomar o poder e conservá-lo, distribuindo as benesses pelos plutocratas, onde quer que eles estejam. Amor aos líderes distritais e concelhios, essa escória cuja glória é sentar-se duas vezes ao ano ao lado dos barões nacionais. Amor aos que fazem, escondem, legitimam o negócio imundo.
Passaremos a olhar para ti como para uma pobre mulher, de carteira e sem tempo para o seu corpo, que ama o Partido. Duram tão pouco tempo as flores nas jarras das mulheres a quem só resta o amor do Partido.

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