13 julho 2004

Como o melro, não

Cresceu-me a alma de burro, dá-me esta heteronímia, empresta, cede, aluga, qualquer coisa, mas deixa-me passar no meu passo de quatro por entre este jardim. Não ponhas mais nada quando tens de assinar por causa da linha editorial, o meu nome é Jammes. Foste tu que me disseste que podia fazer música a bater com os pés no chão, eu pensava que isso só servia para mostrar ferocidade. Não há razão para te ires embora assim só porque eu escrevo aqui, os outros também se habituaram ao cheiro. Não me importo se às vezes me escondes a palha do almoço. Não engordei, aprendi a guardar uns cubos de açucar nas bochechas, e faço que falo se me apanham a mastigar. Se tens de voar, vai, mas não faças como o melro que me vira sempre as costas antes de levantar voo para longe, vem direito a mim na ascensão ainda que me acertes com o bico entre as orelhas.

Jammes (lê-se Jáme).

PC

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