10 junho 2004

Sousa Franco

Se a blogosfera é um dos últimos redutos de liberdade de expressão tenho que escrever isto. Leiam o Público de hoje e a reportagem da segunda página assinada por J.P.H. Vejam as fotografias. António de Sousa Franco, cambaleante, é transportado por Narciso e outro indivíduo, de pulseira de ouro, que deve ser o Seabra. O relato do que aconteceu, e as fotografias, são elucidativos. É assim que, no início do século 21, em Portugal, as coisas se passam. Nos tempos normais mandam os Narcisos e o Seabras, os Marcos Antónios e os Ramos. Mandam nos Partidos, mandam nas Câmaras, mandam nas instituições democráticas. Mandar não é o termo adequado. Deixam que se processe sem sobressaltos o livre jogo do mercado. Que os empresários façam os seus negócios, que os dinheiros dos contribuintes e dos Fundos europeus sejam bem empregues, que o povo tenha festa, e se possível pão. Depois chegam as eleições. É preciso dar uma de respeitabilidade, sobretudo para a classe média com alguma literacia. E é nesse momento que pessoas como António Sousa Franco são necessárias. Tenho pena de escrever isto. Mas pessoas como Sousa Franco são para os Partidos da democracia portuguesa aquilo que os idiotas úteis foram para os comunistas. Limpam o nome do Partido. Os Narcisos e os Seabras, que não tiveram tempo para a Faculdade, para essa seca dos Conselhos Científicos e das citações de Horácio, aplaudem.
António Sousa Franco quis jogar aquilo que pensou ser o jogo da democracia como-ela-é-na-realidade. Caiu de pé, porque felizmente não havia câmaras de televisão na Avenida da República. Mas os que decidiram que esse jogo teria de passar pela lota de Matosinhos, esses, deveriam prestar contas ao Partido, se este ainda tiver gente e força para isso.

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