06 junho 2004

A Fraude da festa da cultura em Serralves

Dezenas de milhar de desdobráveis, o suplemento apologético da folha do sôr zé manel furnandes distribuído à entrada, mapas e roteiros e folhas explicativas. Chamadas de atenção de todos os meios de comunicação. Artigos elogiosos escritos de véspera. Os membros do governo e os autarcas em peso no beberete. O povo culto do Porto, confiante, bem disposto. Os avós e os filhos e os netos. E uma tremenda fraude.
Não se passava nada. Pessoas aos magotes passeando nos jardins como se tivessem um objectivo. Na Biblioteca quatro figuras de cera falam para uma assistência adormecida. Nas salas de exposição a multidão olha de relance os quadros, os video-clips, as instalações pindéricas. Onde é que são os solos de saxofone e contrabaixo? E onde é que estão a ler O livro do Desassossego? Não havia uma coreógrafa a cantar? Já foi. Não é aqui. É preciso bilhete que se levanta do outro lado do Parque. Os Três Tristes Tigres são só um. A outra já é uma tigravó e ficou a curtir o netinho. Os Television eram muito bons no tempo dos The Ramones. Hoje não aquecem ninguém nem as memórias que não temos.
Olha ando para aqui perdida, ouvi a uma. Nós também, mas vamos já embora.

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