08 junho 2004

devemo-nos calar

Desço a rua brasil a esta hora em que a sombra se esconde debaixo das casas, das árvores, dos objectos, só me resta a vista do rio à torreira do sol. Lá está também a ursa com o ar imponente mas protector, todos te vimos orgulhosa no claustro da vida selvagem. Lá está, mas agora morreu a relva que te deu forma, a tua pele é de um amarelo seco e pálido e escorrem manchas castanhas da terra que te corre por dentro do corpo. Não desesperem, ela vai ficar bem, abrangida por um programa quadro e declarada património não dispensável, está inserida num parque de verde a castanho, da água que corre no rio até ao asfalto onde correm as faixas. Ela vai ficar bem, verá o nosso passeio, o mobiliário urban, gente com diferentes níveis de isenção fiscal, o higiénico recordar da posição bípede dois dias por semana. Do lado simétrico da rua remexem-se as entranhas da terra numa área de perito igual. Uma fiada imobiliária há-de fechar a luz nesta rua brasil, justificar a factura do mobiliário urban e pagar transplantes de novo verde para a tua pele. Tu vais ficar bem, as entranhas simétricas que remexem e as manchas castanhas na tua pele são o sangue da terra mais o suor do trabalho que dão a evolução... grrr. Dá-me uma razão, peço-te, porque nos devemo calar a enfrentar o futuro desagradável que se avizinha, agora que já re-rrespiras. E tu atiras-me com seis.

PC

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