26 janeiro 2004

Eu não estou aqui prás encomendas

Nenhuma fidelidade. Nenhuma encomenda. Aqui escrevo apenas o que não pode deixar de ser escrito. Enganam-se os que me julgam reconhecer. Eu não sou esse. Não estou aqui para falar dessa coisa a que chamam os valores. Não sei o que sejam. Nem da memória. Não me convoquem para nenhum grémio, corporação, conselho, comité. Aceitasse, e havia de vos trair.
Eu estou aqui para falar de comboios. Onde tu fosses, e na volta do Porto para Trofa escrevesses poemas sobre o mar atlântico, esse mar. Para bater latas como pano de fundo às palavras douradas da Sofia. Para esperar- o teu marido que se lixe Madalena- um post raro do André. Eu não sou de confiança. Estou aqui para escrever sobre o púbis orgulhoso das mulheres, na primavera, antes de haver guerra. Das gargalhadas tão perto dos soluços. Da nobre função da literatura.

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