17 novembro 2003

Voltar ao real.

António Guerreiro assina em Telhados de Vidro, nº1, Averno, Novembro 2003, um ensaio intitulado Um pouco de vida, um pouco de poesia sobre o conjunto de novos poetas portugueses a quem é atribuída uma filiação em Joaquim Manuel Magalhães, nomeadamente na declaração que este formulou em 1981 e na qual alguns vêm intenções programáticas. A citação é empolgante: "Voltar a contar de si. Voltar ao coração, voltar à ordem das mágoas por uma linguagem limpa, um equilíbrio do que se diz ao que se sente, um respeito pela tradição da língua e dizer a catástrofe pela articulada afirmação das palavras comuns, o abismo pela sujeição às formas dirctas do murmúrio, o terror pela construída sintaxe dos compêndios. Voltar ao real, a esse desencanto que deixou de cantar, vê-lo na figura sem espelho, na perspectiva quase de ninguém, de um corpo pronto a dizer até às manchas, a exacta superfície por que vai, onde se perde. No fundo" (J.M.Magalhães, 1982)
O grupo nem se auto reconhece, as diferenças entre os presumíveis membros são enormes, mas em torno deste voltar ao realforam-se construindo cumplicidades.
António Guerreiro resume assim os fundamentosde uma polémica de que aqui se deu breve nota: " De um lado temos os que acham que, na exposição da poesia ao quotidiano e à prosa banal do mundo, é a poesia que sucumbe a uma pobreza que lhe retira elevação. Do outro, temos os que recusam aquilo que consideram ser um poetismo idealista e sublimante, que torna a poesia uma relíquia anacrónica, sem qualquer efeito e por conseguinte, suspeitam do discurso poético baseado predominantemente na metáfora,(...)"

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial