13 outubro 2003

Re:humberto

Leio-vos a contra gosto. Como as novelas, na televisão. Não gosto muito- mas tenho tempo e preciso de o preencher. Sou metódico. Dedico-vos dez minutos depois da sessão de atelier que me ocupa as tardes. Do Luí­s ( e agora do André) nada me surpreende. Leio-os há tempo de mais. O PC, prefiro ir ao blogue dele, sempre é mais genuíno. Agora a Sofia, é mesmo o seu nome? desconcerta-me. Sim eu sou Humberto. Embora nos comentários assine com minúscula, não aspiro a nenhuma ocultação. Desaprovo o jogo de pseudónimos e além disso não teria imaginação para escolher um. Humberto é o meu nome e por isso chamo-lhe Sofia acreditando não estar a ser enganado. O que me afasta do que escreve, Sofia é que invadiu os meus domínios. Toda a vida trabalhei com a matéria que, agora, com uma facilidade quase indecente, nomeia. Eu não posso exigir-lhe mais: se lhe faltasse talento seria um alí­vio. Facilmente a substituiria, na agenda do fim de tarde. Fosse a sua atitude mais ligeira para com os mortos e havia de lhe fazer chegar a minha desaprovação. Não dominasse essa metalinguagem com que se diz a nossa ciência, e eu acharia que, como o Luí­s com a literatura, a Sofia falava do que não conhecia. Mas quase tudo em si me parece perfeito. Não fora esse frequente tropeção doméstico, esse desejo absurdo de sofrer que parece ser por aí tão comum nas escreventes da sua geração e eu julgaria estar face a um enfraquecimento crepuscular da minha razão: alguns dias, ao abrir o écran para a minha obrigação vespertina, julgo encontrar, ao lê-la, o que em tempos não muito distantes, escrevi.

recebido no mail de anaturezadomal

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