01 julho 2003

A colunista do jornal o Público Helena Matos

Ela aprendeu todas as técnicas da intimidação ideológica. Deve pertencer a uma seita revelada e é desse lugar onde se conhece o mal, que bombardeia os suspeitos do costume:os polí­ticamente correctos, a esquerda, os intelectuais. Quando ela fala sinto-me sempre culpado de qualquer coisa. Tenho medo que ela me denuncie. Se ela falasse contra a reforma do ensino do santos silva (houve?) eu sentia-me um reformista. Outro dia quando lia o jornal dela e passava pela coluna onde fuzilava, surpreendi-me com uma erecção, concerteza motivada por uma coincidência daquelas que frequentemente nos enganam os sentidos. Estúpidamente tive medo que ela me descobrisse e denunciasse aos leitores como onanista. O que seria rigorosamente verdade, mas como é compreensível, não gostaria que fosse tornado público por uma pessoa como ela.
Outras vezes ela desperta-me o efeito contrário. Apetece-me dizer que sou judeu alemão, comunista, inimigo das liberdades, exibicionista, que apoio os LGBTs por que estão na moda. Se ela falasse contra a Liga de Clubes e o major seguramente me apetecia sair em defesa desses injustiçados.
Vem lá no jornal a fotografia da cara da Helena. Pela cara adivinhamos o resto. Imagino que deve ser uma mulher boa, que teve uma infância terrível, cujos pais foram implacávelmente perseguidos pelos vermelhos no Alentejo e que, embora fosse só filha do caseiro, jurou que nunca esqueceria. Outras vezes vejo-a como a mulher da Leitora do Schlink, já convenientemente alfabetizada, mas carregando sempre consigo aquele problemazito de ter sido guarda de um campo de concentração.
Ela conhece a minha verdadeira natureza e faz-me sempre sentir mal. Dantes fugia dela. Agora acho que vou editar aqui as crónicas dela.

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